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Tá bom, vou falar!

outubro 30, 2014

Ânimos à flor da pele, debates acalorados que transcenderam o processo eleitoral e parecem ter vindo para ficar. Discutir política agora é passatempo de quase todo mundo. Até aquela coleguinha da época do colégio, que fazia careta quando surgia o assunto, agora publica texto no Facebook opinando sobre corrupção, economia, regulação da mídia (que ela acha que é censura), reforma política e todas essas coisas “chatas”.

Eu sempre adorei a temática. Mas confesso que tenho o maior medo de falar bobagem e acabava evitando levantar polêmicas. Eu sempre penso “se eu falo alguma coisa, tenho que estar disposta a ouvir opiniões contrárias e até mesmo debater sobre o assunto”. Se escrevo e publico em uma rede social, o debate fica bem mais “qualificado”, porque além de poder rever o que foi dito, os participantes ainda podem fazer consultas ao Google a qualquer momento. Eu nunca me senti segura pra falar. Isso sempre limitou minhas falas (se você me conhece e acha que eu falo muito, se assustaria ao saber que na maior parte do tempo estou medindo o que digo por necessidade de aceitação). Aí eu compartilho umas memes no Facebook, curto as postagens do pessoal, e acho que tá tudo certo.

Mas aí vieram as eleições de 2014. E de repente a timeline no facebook não tem mais selfies na academia, nem frase da Clarice Lispector, nem foto de prato de comida caro… Agora o povo só fala de política. Quando menos esperava, eu tava comentando as postagens pra esclarecer que algumas informações publicadas não eram verdadeiras. Disso a começar a dar a minha opinião, foi um pulo.

Me chateei algumas vezes nesse período. Sofri quando comentei na postagem de uma amiga da época da faculdade e um professor que eu já admirei muito me desqualificou com agressividade e termos chulos. Lamentei ver o menino “mais inteligente” da minha sala do colégio falar bobagens a ponto de eu “desfazer a amizade”. E quando soube que teve gente próxima minha ameaçando dispensar a faxineira por causa do voto, senti a tão propagada raiva. Passou.

Mesmo assim isso é lindo. Sabe, as vezes eu achava que era duas: Uma que ia na balada com as amigas, e a outra que participava dos protestos na rua. No fundo, no fundo, achava que nunca seria aceita em um ambiente se ele soubesse que eu circulava no outro. Agora eu vou na balada e o pessoal tá falando de política, tá organizando protesto. E as(os) companheiras(os) de luta tão indo comemorar a eleição em um barzinho no Stella Maris. Não existe ninguém nesse mundo que eu concorde o tempo todo, nem o contrário. Enquanto não houver violência, as pessoas podem conviver, e até se amar, mesmo com a divergência.

Então, já que agora todo mundo tá a vontade pra dar pitaco, comecei a dar os meus. Como é de praxe, falo besteira muitas vezes, mas acho bom perder a vergonha de publicar o que eu tô pensando, senão não faria sentido defender tanto a liberdade de expressão, né?! Sempre com responsabilidade e verificando as fontes, claro.

E pra começar a “brincadeira”, uma declaração óbvia: Eu sou de esquerda!

Sim, de esquerda. Do tipo que acha justo os mais ricos pagarem mais imposto, que acha que o Estado tem obrigação de oferecer os serviços essenciais como saúde, educação, moradia, etc… Do tipo que não acredita em meritocracia como forma de administrar um país que começou no formato de colônia de exploração, passou por capitanias hereditária e tá dividido assim até hoje.

Eu chamo a Dilma de presidenta, não admito que você use termos racistas na minha frente, sou contra a redução da maioridade penal, e, pasme, sou totalmente a favor dos sem-terra.

Tudo bem pra você? A amizade continua?